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maio 28, 2007
Muros

Não não vou falar do Muro de Berlim, nem do muro na fronteira EUA-México, nem do muro israelita. Não que não me apetecesse enxovalhar os seus responsáveis e chamar-lhes nomes mas fica para uma próxima oportunidade.
Os muros sobre os quais me apetece escrever são aqueles que criamos à nossa volta, os individuais.
Algumas pessoas têm caminhos abertos, perfeitamente sinalizados. Pessoas que, sem preconceitos ou receios, deixam, generosamente, os outros aproximar-se e invadir o seu "espaço vital". Pessoas que na sua sinceridade partilham o que gostam, o que não toleram, o que desejam, enfim, nos guiam em direcção a si mesmas.
Outras nunca permitem aproximações. Ficam fechadas nas suas ideias, hábitos e rotinas e nada parece importuná-las ou preocupá-las o suficiente para as fazer sair delas próprias e dos seus pensamentos e caminhar em direcção aos outros. Mantêm-se encerradas na segurança das suas muralhas, impenetráveis, impermeáveis a tudo o que as rodeia. Não arriscam amizades, amores, confianças...
Para chegarmos a estas pessoas, conhecê-las, temos de ultrapassar os muros que erguem em seu redor.

Nem sempre tenho vontade de escalar...

(Foto encontrada aqui)

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Ser ou Ter...

Nos meus dias chego à conclusão de que as pessoas cada vez mais se distinguem pelo ter e cada vez menos pelo ser.

Ter um emprego perfeito, guiar o carro perfeito, viver na casa perfeita, ter a família perfeita, as roupas perfeitas, as férias perfeitas, enfim...todos ambicionam uma vida digna de pink magazines, tudo amorfamente igual, sem traços de personalidade nem marcas individuais.

Hipocritamente poderia aqui dizer que não, que os bens materiais não fazem falta nenhuma, que vivemos bem com amor e uma cabana. Claro que se cabana tiver aquecimento central, ligação banda larga e banheira de hidromassagem, tanto melhor!

O pior é que a maioria de nós não considera os bens materiais como meros factores de comodidade e produtos da própria existência humana mas sim como um fim a atingir, um objectivo de vida. Não ter um telemóvel topo de gama, não ter os ténis da moda, não frequentar os locais mais in, excluem qualquer um da dita "normalidade" E..vai daí surgem sentimentos de decepção e frustração que fazem com que muitos mergulhem num pessimismo crónico pois a verdade é que nem todos vivemos num mundo de fantasia e glamour mas antes na realidade de um emprego com altos e baixos, na crueldade de injustiças diárias, convivendo com desigualdades cada vez mais acentuadas. Um mundo dividido entre a falta e o desperdício.
E é neste mundo que cada vez mais é importante o ser...ser tolerante, ser consciente, ser crítico, ser dotado de ética, ser informado, ser preocupado, ser altruísta...ser humano.

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maio 11, 2007
"O genuino espírito da penitência"


Não consigo compreender o acto de peregrinação.
Acho mesmo que os peregrinos fazem parte de uma espécie diferente de seres humanos. Não critico as opções religiosas de cada um mas causa-me alguma estranheza e estupefacção a opção consciente pelo sacrifício.
Como o próprio site do Santuário de Fátima nos explica, "Nos tempos que decorrem, carregados de materialismo e comodismo, corre-se o risco de perder o genuíno espírito de penitência" o peregrino é um penitente e, anualmente, Fátima recebe mais de 5 milhões de penitentes.
Pessoas que encaram este caminho como o da expiação dos seus pecados e recorrem a esta prática em busca do milagre ou em reconhecimento do mesmo, ou até para pagar promessas que em sua opinião, estão dependentes de qualquer intervenção divina. E tudo isto a troco de sofrimento voluntário.
Entendo que algumas dessas pessoas, que seguem convictamente todos princípios da religião - que muitas vezes substitui outros aspectos menos positivos das suas vidas - encarem isto como uma obrigação para com a sua igreja mas, no entanto, não creio que todos os peregrinos estejam nesta categoria.
As pessoas que normalmente não entram numa igreja nem professam a doutrina da igreja católica mas que, anualmente, embarcam nestas penitências. Pessoas que no seu dia-a-dia agem exactamente ao contrário dos mandamentos da igreja mas que fazem, em nome da fé, uma busca de um não sei quê que lhes dê felicidade ou melhore as suas condições de vida.

Pessoalmente encaro as vitórias pessoais como o resultado do esforço, da vontade e do empenho, de uma conjugação de factores que poderão ou não favorecer a vida de cada indivíduo, que emprega em cada minuto da sua vida toda a sua energia em busca de melhorar constantemente, esses são os verdadeiros milagres.








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